
Attraction, Graeme Harris
Naquela hora indefinida entre o fim da tarde e o princípio da noite, a meio do mês, os shoppings revelam toda a sua tristeza.
As crianças buliçosas já se foram pela mão das mães apressadas para fazer o jantar. As senhoras que escolhem as praças de restauração para passar as tardes a avaliar os que passam, há muito que foram ver as novelas. As lojas estão vazias, com as funcionárias a comentar um cliente, um patrão, uma colega. Nas lojas onde só há uma empregada, esta, normalmente, está sentada atrás do balcão deixando entrever apenas a cabeça e um olhar distante, para além da porta, para além do shopping.
Nessa hora, os pares de namorados saltam dos cartões postais, dos outdoors, dos anúncios de televisão, dos filmes românticos com final feliz e vêm sentar-se, aconchegados na amplitude de um abraço, nos bancos espalhados pelos pisos do shopping, trocando olhares de cumplicidade eterna.
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