terça-feira, outubro 25, 2005

Competência 2





Volto ao meu diário como quem sabe que um bom desabafo ajuda a descomprimir e a ganhar forças. Há palavras que me ferem pelo que escondem e pelo que revelam. Ranking é uma delas. Não que me incomodem os estrangeirismos, é mesmo o significado novo que essa palavra vai ganhando numa evolução semântica silenciosa e inevitável face à realidade do ensino no país.

Ranking das escolas significa hoje em dia muito mais do que uma lista oficial que estabelece uma classificação de acordo com determinados critérios. Ranking significa a incapacidade de quem comanda este país desde há trinta e um anos. Ranking significa o desprezo pela realidade em função de um cenário que esconde a incompetência dos laboratórios de experiências educativas que sistematicamente criam pequenos monstros em tubos de ensaio e os vão remetendo para as escolas em despachos e despachos e despachos. Ranking significa a ignorância face às condições reais em que muitos professores e muitos alunos vivem e trabalham e que vão sendo salientadas de muitas e variadas maneiras por todos aqueles que se interessam pela educação. Ranking significa o artifício e a ilusão de sucesso apenas para alguns, mas que enganosamente se pretende estar acessível a todos.


Por isso, apetece-me dizer que andamos à deriva ainda neste país que não se desprendeu da Europa mas seguramente baralhou as coordenadas e, numa ânsia de apanhar o comboio do progresso, esqueceu o manual de instruções. E, para terminar, que tal a palavra sucesso, o que significará ela de facto? E a expressão Componente Não Lectiva? O que será isso?
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