segunda-feira, janeiro 30, 2006

amor de ler


do filme Amor de Perdição, de Georges Pallu, 1921

Simão, o herói romântico, está fechado no meio do livro de bolso e resiste em sair das páginas e se mostrar na sua valentia, no seu sentido de honra, na sua nobreza de carácter. Resiste em se mostrar inteiro aos jovens de hoje, não quer abandonar Teresa, a sua amada, fechada num convento (coisa esquisita, um convento para matar o amor) e que resiste ao pai que a quer levar para Viseu. Ambos desejam respirar o ar da mesma cidade, ele na cadeia da Relação, pronto para o degredo, ela no convento de Monchique, pronta para a morte, o Douro ao fundo. Um amor impossível, existe ainda hoje? Digam-me, é possível a história de Simão e Teresa, ainda hoje? É. Não se vai para um convento, agora, não se vai para o degredo, agora, mas é possível amar assim como Teresa amou Simão e Simão amou Teresa? É. Teresa e Simão viveram uma paixão, por isso só se viam um ao outro, só se respiravam um ao outro, nada mais importava. Uma história destas faz sentido hoje? Faz. E Mariana?

Amor de Perdição, leitura do programa de Literatura Portuguesa do Ensino Secundário.Quem resiste a quem, o leitor à obra ou a obra ao leitor?
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