terça-feira, fevereiro 14, 2006

sem jeito


William Swartz

Não consigo escrever, as minhas mãos não me levam a lado nenhum. Começo a calcetar caminhos, a construir muros na nudez da folha e, sem perceber, os caminhos fecham-se e os muros viram um amontoado de palavras que tenho dificuldade em separar. Preciso que me ajudes, que estejas comigo nesta viagem, que me fales e te distancies apenas o suficiente para que eu te possa ouvir e seguir as tuas indicações. Preciso que me lembres os outros, os que já esqueci, os que nunca vi. Preciso das tuas impressões digitais numa co-autoria de sentidos, o núcleo de um enredo que segue em muitas direcções, ao sabor do vento se quiseres, ao sabor dos afectos se surgirem verdadeiros ao alcance dos olhos. Não consigo socorrer-me do que vivo ou vivi, sou um amontoado de pedras sem desenho à vista, sei que tenho um desenho, mas não o vejo, nem os contornos, nem nada. Assim, diante do mundo, não sei sequer como te chamar.

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