sexta-feira, março 02, 2007

amendoeiras em flor







És tu, deus talhado na fronteira da bruma, que te revelas na cidade de granito e respiras o rio revolto de quatro de março próximo em amendoeiras desfeitas e anjos pelas margens? Descubro-te no ciclo da memória auditiva que a ponte deixou sobre as asas inertes aparecidas mais tarde, rebocadas por legiões de muito boa vontade, homens cavaleiros de miragens enquanto as velas e as flores se consumiam e as lágrimas enchiam o rio douro dizem sob outras pontes, ali uma garganta sôfrega a sugar vorazmente o quarto pilar, a quatro de março. Todos te perguntaram porquê, todos. E o teu silêncio espalhou-se pelo rio triste e terrivelmente vazio, uma água pesada de tanta ausência. Espreitas de novo, deus, esperas que te rezem e te façam promessas em sacrifício do corpo que chegou ao mar sem ser doce morrer no mar como diz a canção da bahia mar morto de jorge amado lá e cá. O rio também tem lágrimas de portugal, mas não o soubemos fazer nosso. Por isso, deus, acalma a memória neste dia e alerta o dia seguinte, aquele em que qualquer ponte é de mágoa e de contrição.

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