quinta-feira, junho 07, 2007

Teófilo Braga afirmou que o lirismo de Frei Agostinho da Cruz «distingue-se por um exaltado fervor místico, não tão simples como o de São João da Cruz ou de Frei Luís de Leão mas ainda assim admirável como expressão sincera de uma alma no meio do falso formalismo cultural imposto pelos jesuítas e como desabafo na intolerância feroz do Santo Ofício. Em 1619 «a morte recebeu-o nos braços meiga, risonha e solícita como um anjo de redenção». O povo, «numa piedosa lenda» contava que quando lhe reproduziram a máscara com gesso, depois de morto, sorria alegremente, concluindo que não era «só um bom padre mas um inspirado e um santo.» Cumprindo o seu desejo de «nunca se afastar da amada serra», D. Álvaro determinou que ficasse sepultado no convento que durante tantos anos habitara. Recordar Frei Agostinho da Cruz é reviver ainda, por este motivo, a «cena fantástica da transladação do seu cadáver, após a morte num hospital de Setúbal, dali até à serra, por mar, numa lista recoberta de tapetes e flores nalguma destas tardes milagrosas em que a baía enorme, unido o céu e a terra, rasga o pórtico azul do paraíso. O guardião Frei José da Esperança transformou a cela de Frei Agostinho da Cruz numa ermida dedicada a Santo António a qual, mais tarde, devido ao tempo e ao abandono, entrou em ruína.

retirado daqui

...

Sem comentários:

Arquivo do blogue

mail