Expele, rio, a cidade
submundo de quem te pôs em trabalhos
em mágoas em humilhações em tormentas.
Recorda régio sem saber para onde ir sabendo, ou sena, ou eugénio,
cântico negro, loca infecta, matéria solar em eclipse
porque a foz é logo ali
e os poetas descansam a voz na infinita paciência dos pescadores
e o mensageiro anjo de silêncios aguarda indiferente a quem faz jogging matinal
e a água e a ponte e a filosofia encontram-se no teu nevoeiro sebastião a que tens direito como filho desta pátria em festa triste. Devolve, rio, o corpo incorrupto da cidade onde nascem flores e frutos pelas mãos de quem sabe que os olhos são peixes verdes e assim ficarão para sempre no poema
mesmo depois da morte chegar e encontrar o trabalho feito.
Tu, rio, sabes que não vais por aí.
nota: Que me perdoem José Régio, Jorge de Sena e Eugénio de Andrade por lhes roubar as palavras e colá-las nesta prece ao rio.
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