limpeza geral
Vamos fazer limpeza, mas geral
e vamos deitar fora as coisas todas
que não nos servem para nada, essas
coisas que não usamos já e essas
que nada fazem mais que apanhar pó,
as que evitamos encontrar porquanto
nos trazem as lembranças mais amargas,
as que nos fazem mal, enchem espaço
ou não quisemos nunca ter por perto.
Vamos fazer limpeza, mas geral,
talvez melhor ainda uma mudança
que nos permita abandonar as coisas
sem sequer lhes tocar, sem nos sujarmos,
que fiquem onde sempre têm estado;
vamos embora só nós, vida minha,
para voltar a acumular de novo.
Ou vamos deitar fogo ao que nos cerca
e ficarmos em paz com esta imagem
do braseiro do mundo face aos olhos
e com o coração desabitado
Amalia Bautista
in Trípticos Espanhóis, tradução Joaquim Manuel Magalhães
Relógio d'Água
1 comentário:
gosto do novo visual :)
o poema é-lhe adequado - a mudança.
beijinhos, bom serão de sexta (são os melhores:)
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