A quem aqui veio e viu a porta fechada deixo esta nota
Água Viva é um nome de um pequeno livro de Clarice Lispector, de capa dura, que trouxe do Rio de Janeiro, e que sempre me acompanhou como uma espécie de medicamento que tenho de tomar a vida toda. Não perguntem qual é a história, não há história. Não queiram saber da personagem, pensem que não há personagem. Ou melhor, a personagem é o próprio leitor/leitora. Mas, para assumir esse lugar, é preciso despir o fato de viver e ficar apenas com o fato de ser. É com este último que devemos enfrentar a curta trama e perceber como e onde seremos atingidos por ela. Neste caso, ser atingido significa compreendermo-nos:
“O que te escrevo não tem começo: é uma continuação. Das palavras deste canto, canto que é meu e teu, evola-se um halo que transcende as frases, você sente? Minha experiência vem de que eu já consegui pintar o halo das coisas. O halo é mais importante que as coisas e que as palavras. O halo é vertiginoso. Finco a palavra no vazio monolítico que projeta sombra. E é a trombeta que anuncia. O halo é o it”…
Este blogue é uma homenagem, diria muito pequenina, à escritora e à língua que nos faz tão próximos, apesar de continuarmos com um défice de conhecimento literário dos países de falar português. Refiro-me naturalmente não às elites, aos inner circles de críticos leitores, mas às camadas que frequentam as feiras do livro, que procuram alguma coisa que fuja do que os luminosos escaparates lhes põem diante dos olhos, tops de vendas e coisas dessas.
O águaviva foi também um projecto muito incipiente de promover a escrita em estudantes com quem convivi que não tinham hábitos de escrita nem de leitura. Os jovens já estão na faculdade ou em trabalhos precários e eu mantive o blogue pelos meus poucos e queridos leitores, pela Clarice e pelo prazer da escrita.
Hoje fecho a última página deste, mas, sempre leitora, já abri a primeira de outro. Acompanham-me?
...
Água Viva é um nome de um pequeno livro de Clarice Lispector, de capa dura, que trouxe do Rio de Janeiro, e que sempre me acompanhou como uma espécie de medicamento que tenho de tomar a vida toda. Não perguntem qual é a história, não há história. Não queiram saber da personagem, pensem que não há personagem. Ou melhor, a personagem é o próprio leitor/leitora. Mas, para assumir esse lugar, é preciso despir o fato de viver e ficar apenas com o fato de ser. É com este último que devemos enfrentar a curta trama e perceber como e onde seremos atingidos por ela. Neste caso, ser atingido significa compreendermo-nos:
“O que te escrevo não tem começo: é uma continuação. Das palavras deste canto, canto que é meu e teu, evola-se um halo que transcende as frases, você sente? Minha experiência vem de que eu já consegui pintar o halo das coisas. O halo é mais importante que as coisas e que as palavras. O halo é vertiginoso. Finco a palavra no vazio monolítico que projeta sombra. E é a trombeta que anuncia. O halo é o it”…
Este blogue é uma homenagem, diria muito pequenina, à escritora e à língua que nos faz tão próximos, apesar de continuarmos com um défice de conhecimento literário dos países de falar português. Refiro-me naturalmente não às elites, aos inner circles de críticos leitores, mas às camadas que frequentam as feiras do livro, que procuram alguma coisa que fuja do que os luminosos escaparates lhes põem diante dos olhos, tops de vendas e coisas dessas.
O águaviva foi também um projecto muito incipiente de promover a escrita em estudantes com quem convivi que não tinham hábitos de escrita nem de leitura. Os jovens já estão na faculdade ou em trabalhos precários e eu mantive o blogue pelos meus poucos e queridos leitores, pela Clarice e pelo prazer da escrita.
Hoje fecho a última página deste, mas, sempre leitora, já abri a primeira de outro. Acompanham-me?
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