quarta-feira, novembro 24, 2004

Amor


Venus & Cupid, Seignac

Soneto


Está o lascivo e doce passarinho
Com o biquinho as penas ordenando,
O verso sem medida, alegre a brando,
Espedindo no rústico raminho

O cruel caçador, que do caminho
Se vem calado e manso desviando,
Na pronta vista a seta endereitando,
Lhe dá no estígio lago eterno ninho.

Desta arte o coração, que livre andava
(Posto que já de longe destinado),
Onde menos temia foi ferido.

Porque o Frecheiro cego me esperava,
Pêra que me tomasse descuidado,
Em vossos claros olhos escondido.

Rimas, Camões




E foi assim que se passou a nossa aula de literatura de hoje. Descobrindo, atrás do véu das palavras, as emoções de sempre. Fruindo um autor que está sempre na moda e que, a cada leitura, revela aspectos novos. Ler Camões pelo prazer de ler, pelo prazer de ser.
Gostas de Camões?

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