sábado, dezembro 18, 2004

dancing queen (cont.)


Nightlife, Archibald Motley


Apesar da dúvida, Carlos não fez qualquer pergunta. Sabia que não responderia e além disso, já ali estava, o que era o mais importante. Não tinha ciúmes dos olhares que lhe lançavam e Mariana parecia nem reparar em nada, envolvia-se nos sons que a puxavam secretamente para a dança assim como uma criança. Era instinto.
Mariana pediu vodka e sentou-se olhando pelos espelhos recheados de garrafas. A clientela ia chegando, um riso aqui, uma gargalhada ali. Bocados de conversas, perguntas, afirmações respostas, negações, bocados de palavras. Carlos não tinha mãos a medir. Copos coloridos de vários tons, descoloridos, uma névoa discreta de tabaco emoldurando pedaços de rostos. A luz já era diferente, os focos sobre o balcão, a projecção do movimento da bola espelhada. Agora era só a música e a dança. Não seria hoje que lhe diria adeus, ainda não seria hoje.

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