Pianobar, Bernard Ott
Lentamente, Mariana deslizou para a pista como sempre levada por alguém que dela se abeirava para uma breve conversa sobre coisa nenhuma. Alguém que podia ser amigo de longa data, amigo recente, amigo de amigos, pessoas com quem falava e a quem mostrava estar de bem com a vida. Coisas que nunca ficavam registadas na sua memória. A música era suave mas não hipnotizava. Também ali sabia que Carlos a observava e sabia também que não o queria voltar a ver. Fingia embalar-se na música e na bebida, mas engendrava estratégias para chegar às palavras e ao acto. Chegar mais cedo não resultou.Beber também não. Estava agora ali dançando com outros, dançando para outros, cuidando que sempre dançaria para ele. Mas há muito que a paixão se fora e agora aquilo era um hábito, um mau hábito.
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