quinta-feira, dezembro 09, 2004

ressonâncias


Cascade, Cedric Porchez


-Ande lá, encoste o ouvido ao muro e ouça.
Edgar olhou-o com cepticismo. Acocorou-se e encostou o ouvido à pedra.
Das profundezas da rocha chegou um canto, estranho e persistente. Afastou a cabeça. O som emudeceu. Encostou-se de novo. Ouviu-o mais uma vez. Parecia familiar, como milhares de vozes de soprano a aquecer para cantar. –De onde é que vem?- gritou.
-O rochedo é oco, são vibrações do rio, uma ressonância aguda. Essa é uma explicação. A outra é Shan, diz que é um oráculo. Quem procura conselho vem aqui escutar. Olhe ali para cima – Apontou para um monte de pedras onde tinha sido depositada uma pequena coroa de flores. – Um santuário aos espíritos cantantes. Achei que isto lhe ia agradar. Um cenário próprio para um homem de música.

O Afinador de Pianos, Daniel Mason

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