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Samurai X

Não chegou atrasado. Vinha ofegante e os seus olhos procuraram Xana por toda a sala, mas Xana não estava lá. Não é costume. Xana é o que se diz uma pessoa assídua, pontual, responsável e muito bem organizada. Eram amigos por via da banda desenhada japonesa, a manga, tema que discutiam no grupo do clube de Artes e que exploravam na Internet. Eram otaku o termo japonês para fã de manga. Era isso que os unia, foi esse o motivo que levou Simão a apaixonar-se por Xana e Xana sorria sabendo que Simão gostava dela mas não tinha coragem para se declarar. Tudo parece fácil nos tempos que correm, mais directo mais aberto o relacionamento sem os salamaleques de outrora, mas um salto é sempre um salto e ora se pode ser bem sucedido ora se pode sair esborrachado. Nisso não há grande novidade em relação a outros tempos. Xana era uma miúda que não dava nas vistas, era até reservada e nas aulas não demonstrava o que sabia abertamente. Onde se revelava era no clube de Artes composto quase exclusivamente por rapazes e onde ela imperava, não só na técnica mais elaborada que mostrava para o desenho mas também nas longas conversas sobre manga, heróis de manga, autores de manga, livros em inglês e espanhol sobre manga que no nosso país ainda não se edita nada disso. Por vezes as conversas encalhavam no Dragon Ball, série que todos amavam dos tempos de criança, outros tempos, uma década passada. O entusiasmo que punha nas palavras alastrava-se pelo grupo e, por vezes, o clube parecia ser uma irmandade.