
Como era habitual aos fins-de-semana, Dirceu e Cláudio dirigiram-se à discoteca para uns copos e tudo o mais. Esqueciam as obras da grande empreitada, o exíguo quarto alugado onde dormiam e cozinhavam as parcas refeições nocturnas e lá iam para a noite, que a noite os chamava quando não tinham de trabalhar no dia seguinte.
Já dentro da discoteca, os dois amigos aperceberam-se de uma confusão perto do bar e para a evitarem resolveram colocar-se no lado oposto, bebendo cerveja e vendo a evolução das miúdas na pista sarapintada de luzes.
A meio da noite, Cláudio já tinha arranjado companhia para as suas deambulações na pista. Verdade que o sotaque não ajudava, mas o seu aspecto físico, aliado à serpenteante forma de dançar atraía os olhares. Dirceu, mais comedido, deixou-se ficar pelo balcão agora sem barafunda. Sentia-se cansado, não lhe apetecia estar ali. Resolveu ir embora. Fez sinal ao amigo e saiu.
Passava das duas da madrugada, a rua estava deserta, as casas adormecidas, o frio entranhava-se na pele e Dirceu caminhava de ombros encolhidos quando ao fundo da rua o som de um carro se insinuou, confirmado pelas luzes intensas que projectavam fantasmagoricamente a sua sombra do passeio para as casas.
Ao chegar perto dele o carro estancou e de dentro saiu um homem que o agarrou sem dificuldade e o atirou para o banco de trás onde se encontrava outro indivíduo que o prendeu pelos braços. A porta bateu discretamente e o carro desapareceu na escuridão.
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