sexta-feira, março 18, 2005

o casamento lll

Elliott ErwItt


O casamento estava marcado para as onze e meia. Às onze a família já estava na quinta. O sorriso gentil de um empregado indicou umas escadas que davam para um amplo salão decorado a rigor para cerimónias deste género. Uns casais estavam em amena conversa a um canto. Um outro encontrava-se ligeiramente afastado. Ele conversando e rindo e batendo discretamente os pés no chão para espantar o frio. Ela distribuindo a atenção pelo que o marido dizia, pelas conversas e gargalhadas vindas do canto e por quem chegava. Os dois músicos contratados concluíam a montagem das colunas de som.
Filipa estava feliz.Preferiu vir com os pais a ficar com os outros miúdos que cirandavam pela casa da prima por entre os convidados mais ou menos condescendentes que apenas tinham olhos para a noiva enquanto posava para as fotografias. Ao chegarem ao salão, verificaram que não conheciam ninguém. E ficaram a outro canto. Filipa aventurou-se pelo recinto, observando tudo, as cadeiras alinhadas em fila e decoradas com laços, os arranjos viçosos e a mesa coberta com uma toalha branca.
Quando chegou, o noivo foi distribuindo cumprimentos por todos alegremente e fazendo as apresentações. De repente os casais estavam juntos falando do tempo, do espaço, da decoração. E o silêncio impunha-se entrecortado pelos acordes que os músicos iam libertando da guitarra e do órgão. E as mãos que não se sabia o que fazer com elas, e mais o futebol e mais um arranjo e mais a decoração. Outros convidados foram chegando, os pais, os tios, os primos e todos se conheciam agora. Gargalhadas, pés no chão a bater. A escrivã apareceu austera e depois de uma breve conversa com o noivo foi sentar-se na cadeira ao centro da mesa nupcial. Filipa estranhou ver ali aquela mulher.

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