sexta-feira, março 04, 2005

"otaku"lll

Simão poderia perguntar a algum colega se sabia o motivo da ausência mas não queria dar nas vistas. Nestas coisas de coração elas estão mais à vontade. Dizem até que são mais maduras que eles que se atrapalham todos nos corredores quando dão de caras com elas, sorridentes e provocadoras nas suas roupas justas com o umbigo à mostra e o piercing estranho a reflectir a ousadia de existir. Pensou em enviar uma mensagem. Apesar de saber que o regulamento proibia o uso de telemóvel na sala de aula, muitas vezes viu e enviou mensagens durante as longas aulas de noventa minutos sem ninguém dar conta. Não, esperaria. Seria ele a rir-se dela assim desajeitada a entrar na sala e a murmurar uma desculpa ao professor que já debitava matéria. Nem se apercebeu que já estava com o caderno e o livro abertos quando ouviu o seu nome dito bem alto pelo professor seguido da palavra: continue. Os seus olhos perdidos fixaram alguns colegas que se voltaram para trás com sorrisos matreiros e expectantes e de novo a voz: Segundo parágrafo, Simão, segundo parágrafo. Simão começou a ler quando um toque envergonhado se ouviu seguido de um: entre. Xana bateu a porta discretamente e sem olhar para os colegas, dirigiu-se ao professor que com um movimento de cabeça lhe indicou o lugar.


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