terça-feira, abril 05, 2005

desejo




Abril devia estar fechado para a Morte.
Sim, fechado!
A Morte devia de ser proibida de espreitar pelo guiché em Abril.
O seu manto negro, o seu capuz, a sua cara branca do Sétimo Selo
devia de ser impedida de esperar na fila em Abril.

Não há nada a ceifar em Abril!
Não há nada para pagar, nada para receber.
Nenhuma dúvida a tirar.
Nada.

Abril é o início do mundo,
o princípio do segredo, o despertar das cores,
de todas as cores do arco-íris.
E mesmo a chuva em Abril sabe a luz.
A terra em Abril está a alimentar, não tem fome.

Abril é instinto de vida.
Ninguém pergunta o que acontece em Abril.
Em Abril são as brancas que jogam,
as pretas deviam de esperar muito.

Está bem, também jogam.
E as suas jogadas são pensadas e decisivas
e frias.
Todas as peças tombam
incapazes de reagir ao seu olhar.

Mas em Abril, os campos verdes apetecem
no despertar dos sentidos.
E mesmo em filas de espera,
a urgência da vida é a única reclamação.

laerce



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