domingo, maio 08, 2005

amor


Anon,Lighthouse at dusk


Lembro-me que éramos um novelo
ao frio cortante de Janeiro

junto ao mar
perdidos no fio da razão inebriada dos corpos.

Todas as horas eram de iniciação suspensa em gestos.

Estávamos dispersos pelas ondas que rebentavam enérgicas
nos rochedos másculos e transbordantes.
Dos nossos olhos nasciam flechas

que nos cravejavam a pele de arrepios
e sorríamos.

Tu pegavas na minha mão e inclinavas a cabeça
como um cavaleiro medieval

à procura de uma bênção que te afagasse a nuca.
E eu, distraída do teu rosto, avançava um sussurro
que se misturava com o chiado de gaivotas imaginadas.

Era o entardecer e a luz compassada do farol
devolvia-nos a linha do horizonte
envolvida num entrelaçado de fios ainda por tecer
.


laerce

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