domingo, abril 02, 2006

in tensão


Mencoboni

Venho cedo, eu sei,
trago uma frase calada
e receio esquecer uma sílaba
e essa sílaba levar a frase.
Não sei o que faria sem ela,
não sei o que farei
se, quando tocar à porta, sentir que a perdi
assim como se perde um botão,
ali, na tua frente.
Não quero pensar, o medo
come a tranquilidade
que treinei com exercícios respiratórios
e leituras de poemas protectores.
Diante de ti, do teu silêncio a olhar-me
à espera da frase que há muito saiu do coração
e se estrangulou na garganta, apenas uma lágrima
correrá em meu auxílio.


...

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