quarta-feira, junho 28, 2006

Internet, I love you !



imagem daqui


A Avenida dos Aliados perdeu os canteiros. Gomos e gomos de granito cinzento descaem até à Praça da Liberdade com a assinatura de mestres intocáveis e, se calhar, desconhecidos dos muitos que escolhem aquele espaço para festejar seja o que for que dê para festejar. As estátuas que pontificavam nos canteiros permaneceram, agora mais nuas ainda. Um espelho de água no topo da avenida ameniza a aridez da pedra. Parecem esquecidas por ali umas frágeis cadeiras de ripas, dispostas casualmente, presas ao chão por umas correntes ao jeito do que se faz com as bicicletas nos estacionamentos. É a modernidade a varrer a avenida também, pensei. E ficaria assim mesmo, ouvindo a conversa de três velhos sobre a prenda que acabaram de receber do governo, um tal correio electrónico, enquanto observava na tarde esmaecida a amplidão do lugar. Descobri então que lá em cima, rodeando a estátua de Garrett, muitas e muitas flores coloriam a Praça Humberto Delgado. Verifiquei que aquilo não passava de uma espécie de estufa a céu aberto, se é que me faço entender. Muitos vasos, vasos e mais vasos mal disfarçados por cascas de pinheiros, numa imitação grosseira de qualquer jardim onde as plantas pudessem criar raízes. Claro que tal se deve às comemorações dos santos populares, mas um pouco mais de cuidado não fazia mal a ninguém. De nada adianta a pose arcádica de Garrett, estou em crer que haverá sempre alguém que lhe perguntará o preço de um qualquer vaso de que tenha gostado mais.
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