sexta-feira, setembro 08, 2006

viagem 4




Ponte Vecchio



Café Giubbe Rosse



Rio Arno


E veio o dia de Florença. Duzentos e vinte euros para que o autocarro pudesse entrar no parque de estacionamento da cidade e despejar-nos naqueles metros quadrados de maior concentração de obras da arte do mundo. A guia protestava: não há direito, em Veneza cento e oitenta, aqui duzentos e vinte, é um roubo! Quem se importava com isso? O pacote incluía tudo. Já paguei, agora só quero ver. Claro, a síndrome de Stendhal, preveniram-nos. Quero lá saber da síndrome, quero ver. Conselhos: não percam tempo nas filas de espera, a cidade é um museu a céu aberto; o normal são filas de três e quatro horas para entrar na Galeria degli Uffizi , visitem outros museus igualmente magníficos mas menos concorridos. Não! Essa galeria vou tentar. Circuito: início, Piazza dela Santa Croce, (uma boa basílica para visitar, não há muita gente. Aí estão os grandes de Itália, Maquiavel, Galileu Galilei, Rafael. Dante está em Ravenna, aqui só a estátua na frente do monumento. Todos os anos, no dia 14 de Setembro, dia da sua morte, o prefeito de Florença vai a Ravenna reclamar o corpo do pai da língua italiana, todos os anos recebe sempre a mesma resposta: “ se não o quiseram vivo, por que o hão-de querer morto?”), Santa Maria del Fiore, Palllazo Vecchio, Mercato de Paja, Ponte Vecchio, Piazza dela Republica ( construída sobre ruínas romanas e desprezada pelos florentinos por não se enquadrar na arquitectura típica da cidade, mas onde se encontra o Caffe delle Giubbe Rosse, frequentado por Marinetti.Fim. Almoço e tarde livre. Arrisquei Uffizi, apenas meia hora de espera, nada mau. Demoro-me nas salas de Cimabué, Botticelli, Rafael, Leonardo da Vinci, Durer,Ticiano, Caravaggio, Goya,Canaletto, não dá mais. Os pés arrastam-se, ainda posso apreciar as estátuas desinibidas que se estendem pelos imensos corredores e me olham mais que eu a elas. Devo sair dali. Passo na Piazza dela Signoria, não há tempo. Vejo a cópia de David, Neptuno, Hércules, Perseu, a Sabina a tentar escapar às mãos dos Latinos, Cosme de Médicis a cavalo, não há tempo. Nem pude imaginar Savonarola por ali em qualquer esquina e aperceber-me de Pico de Mirandola passeando tranquilamente no meio dos turistas que partiam cansados. Regresso à Piazza dela Republica. Quero tomar um café no café de Marinetti. Penso no seu Manifesto Futurista e no desprezo pelos museus. Sim, posso abandonar Florença.
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