domingo, setembro 10, 2006

viagem 5


Óculo do Panteão




Praça de S. Pedro


Depois de ter lido Memórias de Adriano, de Yourcenar, confesso que visitar o Panteão em Roma tornou-se um imperativo. Penso mesmo ter sido esse livro a gota de água que originou esta viagem da qual vou deixando as minhas impressões. Dois dias em Roma na presença de Paolo que nos desvenda a cidade como se legendasse imagens de livros que todos conhecemos. E que vai ainda mais longe. Fala da pureza da água, da forma como os romanos saciam a sede nas fontes; explica os anjos, o culto a Maria, aliás Minerva, aliás Ísis; aponta os obeliscos roubados do Egipto, a maneira como os edificios do Império Romano foram sendo destruídos e os materiais aproveitados para outras construções; esmiuça as brigas de Bernini e Borromini; sorri dos preços nas lojas de marca, na Piazza di Spagna; exemplifica como se deve atirar a moeda na Fontana di Trevi. E Paolo levou-nos ao Panteão. O sol já tinha percorrido o seu caminho nesta época do ano e preparava-se para abandonar o templo pelo óculo nu da fabulosa cúpula. Senti uma onda de alegria tomar-me os sentidos que é o que acontece quando concretizamos os sonhos. No dia seguinte teria o Vaticano e todas aquelas estátuas com as partes íntimas mutiladas ou encobertas com parras. Paolo realçaria a mais importante estátua do Vaticano, Laocoonte, que por sinal é grega; falaria da banheira de Nero; relembraria Adriano e Antínoo (ali também) e o significado da pinha; levantaria os olhos para o tecto da Capela Sistina; mostraria o bronze retirado do Panteão que serviu para a construção do baldaquino na Basílica de S. Pedro. Muitos pormenores para reter enquanto o dia terminava na Praça de S. Pedro e a água reflectia a tranquilidade da minha alma.
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