quarta-feira, setembro 13, 2006

viagem 6



Ao fundo, o Vesúvio.




O esqueleto da cidade aparece e o silêncio pesa porque não há gente além deste grupo de turistas. Experimento a sensação estranha de estar num cemitério vivo enquanto a voz do guia se sobrepõe à minha respiração ou a minha respiração alimenta o ângulo da imagem que pretendo fixar com a máquina fotográfica. Um menino, a única criança do grupo, apanha pedrinhas, leves e cinzentas, que atira ao ar como se as mãos fossem a boca quente e mole de um vulcão. Aquele que lá ao fundo continua vivo, o Vesúvio de há dois mil anos atrás aberto em cinza e lava sobre as casas e as ruas de Pompeia . Estamos dentro de um esqueleto então e pedem-nos que imaginemos a carne da cidade e a carne são os sorrisos, as conversas, os costumes e os hábitos de quem lá morava. O esqueleto enche-se de vida e é possível ver as pessoas felizes sobre os mosaicos danificados das casas senhoriais ou a caminhar pelas ruas intactas para se dirigirem ao Anfiteatro, ao Templo de Apolo ou ao Lupanar. Na cidade renascida pela imaginação, alguém se lembra do menino e pergunta-lhe se na escola já tinha tido aulas de educação sexual.
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