cidades eternas
O melhor lugar para curtir a angústia é viena. É tão fácil responder não a tudo, ou quase. Viste o beijo de klimst? Não. O museu albertina? Não. E a ópera, o palácio, a igreja? E os nomes sucedem-se aqui ali, por toda a cidade. Bem que podia ter visto. Desse estive perto, dessa vi a fachada, daquele comprei um postal ilustrado, deste o cansaço era tal que mal olhei. Porém, esta angústia deixa um sabor adocicado porque, apesar de tanta negação, o facto de estar em viena já é muito. Embora as previsões apontassem para chuva durante os três dias de visita à cidade, só nos dois últimos o guarda-chuva teve uso. Portanto, foi com sol que carlos, o guia, nos esperou à entrada do palácio shonbrunn e uma das primeiras coisas que nos disse relacionava-se com a atitude perante aquele monumento, que cuidássemos do verbo e que as escadas do palácio não são para subir, mas para ascender, de queixo levantado. Lá dentro encontra-se tudo tal qual deixaram os últimos habsburgos a ocupar o palácio, mas maria teresa é o nome mais citado. Pelo lugar que ocupa na história ocidental, pelo papel que teve na construção do imponente edifício de cor amarela – amarelo maria teresa, por ser a sua cor preferida, comum a outros edifícios da cidade -, pelo carácter enérgico com que governou, pelos dezasseis filhos que gerou, incluindo maria antonieta, infeliz ocupante da concièrgerie antes de. No dia seguinte basta a rua e a chuva para repor a realidade. Estou diante do hotel imperial, lá atrás a famosa sala dourada dos concertos de fim de ano, diante de mim um renomado café, quase deserto, uma mulher com o carrinho de bebé. O relógio marca uma menos dez, o sinal ficou vermelho para os carros, posso atravessar.
foto: viena, ringstrasse
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