legenda
Em primeiro plano os telhados das casas, ao fundo a cidade na penumbra e, a coroar essa vida sonâmbula que se adivinha, o sol imperador apolo no silêncio sublime do infinito. A cidade é o Porto mas sei que em qualquer cidade se sente assim, se vê assim, se ama assim. Podia ser Londres, que lá também o céu luminoso acontece, vi-o com os próprios olhos, podia ser Praga ou Viena – uma na solidez da palavra guardada de S. João Nepomuceno, outra na aurora anual da Sala Dourada –, mas é Madrid, onde se respira a serenidade no Parque del Retiro, lá perto da estátua do anjo caído, a única, dizem, de Lúcifer. Compreendi quando ali estive no ano passado que as estátuas são absolutamente inofensivas e assistem ao crepúsculo impotentes em cima dos pilares plantados nas cidades. Ao contrário dos homens, as estátuas nunca poderão voar com asas de cera.
Sem comentários:
Enviar um comentário