quinta-feira, julho 12, 2007

quarta crónica de inês
Inês estranhou o telefonema do sogro, sabia do ódio que ele sempre lhe demonstrou. Quando a olhava, estava ela ainda na companhia de constança, parecia que os olhos a cobriam de culpas, e não só por já andar enredada com o pedro, mas porque pertencia àquela família, de cujo chefe, afonso era inimigo figadal. Por isso, achou por bem falar com os filhos e dizer-lhes que deveriam estar na sala quando viesse o avô, ainda para mais com o pai tão longe. Eles seriam os homens da casa, além de que passavam tempo de mais a jogar, o que só lhes fazia mal. Os filhos protestaram porque estavam de férias e agora que podiam jogar o tempo que lhes apetecesse é que tinham de estar a fazer sala para um avô que nunca lhes ligou a mínima. Enigmática, inês explicou-lhes que era melhor ficarem na sala, que até podiam servir para impedir alguma discussão que pudesse acontecer e, quem sabe, na sala também poderiam ver punhais e sangue verdadeiro enquanto nos jogos era tudo a fingir. Foi aí que os filhos prestaram mais atenção à mãe e se olharam mutuamente incrédulos, pelo que inês logo remediou ser tudo mentira, estava a brincar. Mas mesmo assim, foi adiantando que no fim de tudo ficariam dois túmulos no mosteiro de alcobaça da grande beleza artística, um voltado para o outro, para o juízo final ser a continuação de um grande amor. Então os filhos perguntaram: e nós? E a mãe perguntou: e vós? E nós perguntamos: e eles? Eles seriam infantes, teriam o apoio da leonor de teles, a má, e do formoso fernando e tudo estaria bem se não fossem herdeiros. Mas isso é muito mais tarde, agora temamos por inês.



imagem: Brent Heighton


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