sábado, julho 07, 2007

segunda crónica de inês

Outra coisa que inês sabia era o papel do sogro na sua história, mas dizer isto é básico e não leva a lado nenhum. Inês sabia o papel do sogro na história. Lá no fundo, tinha pena da cunhada maria, recolhida em sevilha enquanto o marido, dito o bom, a trocava pela guzmán e pouco pio que quem mandava era ele. E maria, a fermosíssima, apesar de ter direito a papel principal e lugar cativo nos lusíadas canto três, ia chorando por todos os cantos envolta em grande tristeza. De modo que, quando lhe disseram que viria a lisboa falar com o pai, a ver se ele ia dar uma mão ao genro para mandar os inimigos definitivamente para o outro lado, rejuvenesceu dez anos e começou logo a pensar nas roupas que deveria comprar e nas cores dos véus com que cobriria o rosto. Pena que inês não a pudesse visitar. Com os filhos na escola não era fácil ir assim a lisboa, paciência. De alguma forma, algum dia ainda se voltariam a encontrar, quem sabe o poeta ainda as colocasse tão próximas no poema épico que quase se pudessem tocar, se estendessem os braços para fora das oitavas do terceiro canto. Satisfeito com este pedido do castelhano, afonso, que inês dizia ser seu sogro, mandou chamar o seu meio-irmão, o conde de barcelos, o prior da ordem do hospital que levava numa mala a vera cruz de marmelar, e outros que contribuíram para as despesas de deslocação, estadia e materiais de apoio para a lide de tarifa, como maravilhosamente registou o conde no seu livro de linhagens, mas que inês também está habituada a chamar a batalha do salado.



imagem IPPAR : Padrão da Batalha do Salado, Guimarães (pormenor dos capitéis figurativos no arranque da abóbada).



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