segunda-feira, janeiro 21, 2008

moura, cristovão de moura




Sou o pajem de joana princesa, a mãe do desejado. Acompanhei-a quando, após a morte de joão, se retirou para espanha abandonando o filho aos cuidados de catarina, avó tutora e regente. A primeira vez que a história me chamará a sério para o meu papel será a propósito da disputa entre catarina e henrique sobre os dinheiros a atribuir a antónio, prior do crato. Virei a mando de filipe, primeiro e segundo, apaziguar os ânimos e lembrar que do outro lado da fronteira estão atentos ao que deste lado se passa. Mais tarde continuarei por aqui, dar-se-á a batalha, o vazio e o choro, o lamento e a expiação. O quadro ficará pintado por mim que trago as mãos repletas de cartas em branco assinadas por filipe para aliciar os nobres, os pretendentes, o povo. Bem difícil de moldar este último. Terei uma via privilegiada, um código particular entre mim e o prudente, o que causará ciúmes ao outro representante oficial de castela mas abrirá o caminho para a união. Legítima aos olhos de deus e dos homens que podem e querem e sabem. Encostarei o hesitante henrique à parede. Primeiro com blandícias e salamaleques, depois com exigências e ameaças. E quando o velho morrer atacarei os governadores com a mesma energia com que nestes anos esgrimi os direitos divinos e terrenos do meu amo e senhor. António cometerá um grande erro em autoproclamar-se rei achando-se um novo mestre de avis. Com o povo serão muitas cautelas para evitar tumultos mas não lhe restará outra alternativa senão comer e calar.

foto: Évora

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